terça-feira, 28 de maio de 2013

Pergunta 7: Será que os dias criativos de Gênesis seriam dias de 24 horas?

"Veio a ser noitinha, veio a ser manhã" - esta célebre frase marca as fases criativas de acordo com Gênesis 1. Assim, é amplamente difundido que Gênesis defenderia que Deus teria criado o planeta em 7 dias de 24 horas cada um. Entretanto, a ciência alega que a Terra possui bilhões de anos. Também, o próprio livro de Gênesis traz um relato paralelo referente a criação do homem, a partir de Gênesis 2:5-24. Neste relato paralelo se diz que enquanto Deus "estava formando" criaturas, passou a formar Eva, de maneira separada do homem, apesar de o cap. 1 vv. 20-29 relatarem de maneira aparentemente diferente as mesmas criações, com períodos diferentes. Assim, será que estes dois relatos paralelos se conflitam ou se complementam? Será que o relato paralelo e a ciência confirmariam de que os dias criativos não são  de 24 horas? 

3 comentários:

  1. Cara lembre-se que para Deus 1000 anos sao como 1 dia, e em G:1:1 Deus nem tinha criado o Sol ainda, entao esses dias sao uma ilustracao, nao os nossos, imagine o trabalho que ele deve ter Tido, isso levaria bem mais tempo

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    1. De fato, 2 Pedro 3:8 diz: "No entanto, não vos escape este único fato, amados, que um só dia é para Jeová como mil anos, e mil anos, como um só dia." É bem provável que Pedro estaria usando de uma comparação ilustrativa aqui, pois, os nossos anos são contatos a partir do movimento de translação (Terra-Sol) , uma criação de Deus. Deus não seria sujeito a sua criação e, ainda mais, Ele é atemporal, isto é, ele está além do tempo. A Bíblia afirma que Ele é de "eternidade à eternidade". O Salmo 90:2 nos diz isso e explica também: "Pois mil anos aos teus olhos são apenas como o ontem que passou e como uma vigília durante a noite." (Salmo 90:4) Note que o salmista faz duas comparações de tempo diferentes: "o ontem" (talvez se referindo às 24 horas do dia) e "a vigília" (que dura apenas 4 horas). Assim, quando Pedro fala destes "mil anos como um só dia para Deus", ele queria destacar que a administração e percepção de tempo para Deus é muito superior a nossa, impossível para compreendermos plenamente. No caso específico do contexto do que Pedro estava falando, isto destaca a misericórdia de Deus para muitos que ainda não se arrependeram, motivo pelo qual Deus ainda não trouxe o fim. (2 Pedro 3:8-10)

      Voltando ao ponto, sob esta ótica você está correto. Mas, ainda assim, os textos dizem "veio a ser noitinha e veio a ser manhã". O que disse envolve um ponto relevante, mas devemos analisar o contexto do próprio Gênesis para confirmar se este princípio se aplica aos dias criativos.

      Bem, Moisés tinha um estilo de escrita bem específico. Devemos lembrar que na época que escreveu Gênesis e seus outros livros, o povo de Israel tinha pouco conhecimento e orientação. Na realidade, não haviam as Escrituras, pois Moisés quem começou a escrevê-las. É bem provável, portanto, que a grande maioria de Israel fosse analfabeta, visto que a alfabetização só se tornaria comum e cultural a Israel a partir do estabelecimento da Lei Mosaica, que estipulava que todos deviam conhecer a Lei e os pais quem deviam ensinar seus filhos. (Deuteronômio 6:4-9; Writing and Literacy in the World of Ancient Israel: Epigraphic Evidence from the Iron Age) Assim, como Jeová usaria de uma linguagem comum por meio de Moisés de maneira a se tornar compreensível aquilo que queria lhes dizer, no caso, a respeito da criação? (1 Coríntios 14:9) (continua)

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  2. (continuação) Moisés escolheu um estilo explicativo. Ele focava um tema específico ou um objetivo e passava a escrever sobre aquilo. Isso é facilmente percebido por sua maneira de dividir os livros bíblicos: Gênesis, o início da humanidade e da nação de Israel; Êxodo, o nascimento de Israel como nação livre; Levítico, as leis do sacerdócio levítico; Números, os eventos da jornada dos israelitas pelo ermo com dados da nação; Deuteronômio, aplicação e explicação da Lei como preparação para a entrada na Terra Prometida; Jó, um livro específico sobre a história de Jó e suas aplicações com relação às questões de lealdade a Deus e sofrimento humano.

    Dentro destes livros também encontramos este estilo de escrita prático e fácil de entender. É o caso do relato da Criação.

    Primeiro Moisés faz um enfoque do capítulo 1:1 ao capítulo 2:3. Neste primeiro momento, Moisés dividiu a criação em dias criativos, pois queria destacar períodos criativos específicos para cada item do desenvolvimento da criação (períodos estes que são confirmados pela ciência moderna). Podemos chamar até de "eras" para melhor entendimento. Seu enfoque inicial era a preparação da Terra para a vida humana. De fato, os períodos criativos neste momento não cessaram, pois Moisés não aplica o "veio a ser noitinha e veio a ser manhã" para o sétimo dia. Isto significa que o sétimo dia ainda está em curso. (Salmo 95:7-11; Hebreus 4:6-10) Ou seja, o dia não dura apenas 24 horas, nem mil anos, pois já se passaram milhares de anos desde que o homem foi criado.

    Num segundo momento, de Gênesis 2:4-24 (e mais extensivamente até 4:26), Moisés focou o surgimento da humanidade, o início da história humana. Assim, ele começou dizendo, no v.4: "Esta é uma história dos céus e da terra no tempo em que foram criados." Em hebraico, Moisés literalmente disse: ’él•leh thoh•ledhóhth(“Estas são as gerações de”), grego: haú•te he bí•blos ge•né•se•os (“Este é o livro de origem (procedência)”); latim: í•stae ge•ne•ra•ti•ó•nes,(“Estas são as gerações”), isto é: “Estas são as origens históricas”, em português literal. Moisés estava focando a História do Homem.

    Digno de nota é que neste segundo enfoque Moisés claramente separa a criação do homem da criação da mulher. O Homem é criado num primeiro momento, adquire um trabalho dado por Deus, recebe ordens divinas, etc. A mulher só é criada depois de um tempo suficiente a ponto de o Homem perceber sua ausência. Isto certamente tudo durou muito tempo. Afinal, o homem não estava realmente sozinho e tinha muito trabalho. (Eclesiastes 3: 10:13; Atos 17:27,28)

    Para completar a prova de que os dias criativos não são de 24 horas, Gênesis 2:19 diz que Deus estava "formando do solo todo animal selvático do campo e toda criatura voadora dos céus" e levando ao homem para nomeá-los. Porém, em Gênesis 1:20,21 diz que as criaturas voadoras foram criadas no quinto dia. Já nos vv. 24-28 dizem que os animais selváticos e o homem foram criados no sexto dia. Contradição? Claro que não. O próprio Moisés explicou que a partir do 2:4 estaria focando "as origens históricas do homem", que surgiu concomitante a muitos animais, e até antes de outros. Também, em Gênesis 1:2 ele informava que a princípio focaria a preparação da Terra para o homem.

    Sendo assim, de maneira clara, os dias criativos não são de 24 horas, nem de mil anos, mas são períodos criativos de incontáveis anos. Foram usados por Moisés apenas para tornar melhor o entendimento dos israelitas de como Deus teria preparado a Terra para a criação do Homem.

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